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A imagem e os desafios do Franchising brasileiro

Recentemente tivemos a realização da 24ª Edição da ABF Expo, maior feira de Franquias do Mundo, e com ela várias questões foram levantadas. Uma que me chamou muito a atenção foi o destaque do setor como uma alternativa para novos investidores, mas isso colocado de forma pejorativa.

No franchising, o tema não é novo e sempre que vivemos momentos de menor confiança na economia é discutido o setor como um Plano B de executivos que buscam rentabilizar seu dinheiro e/ou como alternativa para um novo projeto de vida.

Não acredito que os jovens de hoje vislumbrem e planejem seu desenvolvimento profissional com ascensão sendo um próspero franqueado, seja por questões de limitações de investimentos, seja pelo fato de não incentivarmos a cultura empreendedora desde criança. Sem aprofundar nessa discussão, o fato é que o franchising hoje está mais sendo a entrada de investidores / empreendedores em busca de oportunidades do que o sonho alimentado no decorrer dos anos.

O fato é que, analisando o momento da economia brasileira x o crescimento do franchising nos últimos anos, podemos observar que o setor tem o seu lugar de destaque e chama a atenção de economistas, investidores do mercado financeiro e também do médio e pequeno investidor em busca de uma oportunidade para empreender.

Com isso, levanto as questões:

  1. O setor de FRANQUIAS é e sempre foi um PLANO B de investimento?
  2. Sendo um PLANO B, quais são as vantagens e desvantagens para o setor?

O blog Franqueando, convidou alguns dos profissionais de maior destaque do setor para dividir conosco um pouco de suas analises sobre a questão:

Marcelo Cherto, presidente e fundador do Grupo Cherto e um dos fundadores da Associação Brasileira de Franchising (ABF):

“Sem dúvida, a franquia sempre foi vista (não só no Brasil) como um excelente Plano B. Na verdade, empreender acaba sendo o Plano B de boa parte (provavelmente a maioria) dos que perdem seus empregos num período como este, de pessimismo e demissões generalizadas.Como não se trata de um fenômeno localizado, com apenas uma empresa, ou um setor demitindo, mas sim de algo generalizado, executivo de nível médio para cima que perde o emprego tem poucas chances de conseguir outro no curto ou médio prazo.Assim, empreender de alguma forma acaba sendo a saída natural.E dentre as formas de empreender, adquirir uma franquia acaba sendo a menos arriscada; a que tem maiores chances de levar a pessoa ao sucesso.”

Arlan Roque, colunista do Mais Franquia.com e executivo de expansão de uma das maiores franqueadoras do país, analisa as franquias como um PLANO B com outra ótica:

“O mercado de franquias, ao longo do tempo, impressiona pelo crescimento. Basta observar o número de redes que tínhamos, por exemplo, ao final de 2004 e ao final de 2014: foi um salto de 814 redes para 2.940 redes franqueadoras – crescimento em 261%.Se em algum momento havia dúvida ou desconhecimento sobre o sistema, a cada dia a consolidação e maturidade do franchising brasileiro demonstra sua solidez e seriedade. Desta forma, a leitura de investimento no franchising como um plano B, acredito um tanto equivocada, mas sim a percepção de um sistema que é produtivo e fértil para novos investimentos, especialmente pela segurança que oferece.”

Consultor e sócio da Praxis, uma das consultorias de maior destaque no setor, Adir Ribeiro coloca o fato como algo inevitável para as franquias, mas traz uma reflexão para os franqueadores fortalecerem seus negócios:“Acho que essa é uma questão inexorável, ou seja, vamos ter que encará-la sim… Tem muita gente comprando franquia como Plano B, e precisaremos rever os nossos conceitos sobre isso.O mundo está em forte mudança de contexto e de informações, os Franqueadores terão que se adaptar e criar novos mecanismos de proteção ao seu negócio e, mais importante, de engajamento desses novos franqueados. Essa é a minha visão.”

Já a consultora Márcia Pires, com mais de 20 anos de experiência no setor, levanta as vantagens e desvantagens para quem investe e para os franqueadores:

“A última ABF Expo, acontecida de 23 a 27 de junho, com 480 franqueadoras, evidenciou, mais uma vez, a força do sistema de franquias no Brasil, cheio de ofertas e oportunidades de negócios! Circulando pelos corredores, visitando estandes e conversando com profissionais franqueadoras jovens e maduras, acostumados à feira, ouviam-se observações diferentes em torno do perfil dos visitantes, candidatos a franqueados, em 2015…Alguns observavam menor volume de visitantes andando pela feira só para olhar, para conhecer; enquanto aumentou o volume de visitantes, profissionais do mercado, empregados atualmente, mas com recursos financeiros reservados, com medo do momento Brasil e precavendo-se de desemprego iminente, buscando uma franquia, como um plano B!Isto é uma novidade? Isto é bom ou ruim para o Franchising brasileiro?

Ser dono de um negócio, uma franquia é sim uma forma de fugir da amargura do desemprego, da insegurança profissional e não é de hoje!

Tornar-se empresário, dono de uma franquia, pode ser para este profissional, inseguro com o momento, uma descoberta gratificante e definitiva, uma oportunidade bem vinda e bem sucedida!

É para a franqueadora, em minha opinião, que se impõe o maior desafio! O plano B do candidato à franquia não pode ser um plano B da franqueadora!

A franqueadora séria e competente, que conhece bem o papel das partes no sistema de franquias, em momentos como este precisa mais do que nunca caprichar no processo de seleção de seus franqueados, em todas as suas etapas: ser eficiente na análise dos cadastros, conduzir entrevistas com qualidade e profundidade, incentivar o “test drive”, entregar e esclarecer todas as dúvidas da COF, até aprovar o candidato, esgotando todos os recursos disponíveis.

Precisará monitorar ainda mais o desempenho inicial da franquia, reforçando o apoio e o suporte.

Desta forma, a franqueadora não abre mão de sua expansão, favorecida pelo momento em que muitos profissionais optam por programas de demissão voluntária ou ainda por situações de demissão e, ao mesmo tempo, seleciona bem e qualifica o franqueado que opta pelo plano B para atuar em sua rede de franquias.

À Franqueadora cabe a tarefa de transformar o plano B do candidato em plano principal de atuação empresarial qualificada à frente da franquia. Só assim fará sentido!”

Mais do que chegarmos a uma única definição sobre a questão, é refletirmos sobre o momento e buscar o desenvolvimento do setor como um todo, para continuar cada vez mais sua solidez.

*Este artigo foi publicado originalmente no Blog Franqueando.