Em conversa com algumas pessoas, já ouvi questionamentos sobre a inflação imobiliária e também sobre a “bolha” do franchising, com a alegação de que com o crescimento dos últimos anos, muito acima do PIB, é inevitável que haja o estouro desta em algum momento.
Diferente desta dúvida ou posicionamento, não me preocupa a percepção do franchising como uma bolha, pois o desenvolvimento da casa dos dois dígitos nos últimos anos, e, ainda acredito pelo menos nos próximos também, deve-se além do desenvolvimento econômico a uma demanda que sempre existiu de pessoas com interesse em empreender, no entanto, em tempos mais que incertos e sem um horizonte ou modelo que pudessem seguir. Neste sentido, o sistema de franquias, preenche esta importante lacuna. Também não é possível deixar de acreditar que dentro do volume de franqueadores que surgiram nos últimos dez anos, alguns por um motivo ou outro, acabem por deixar de existir, mas não devemos creditar isso a nenhuma espécie de bolha e sim a ausência de um bom plano de negócios ou ferramentas básicas de gestão em empresas do segmento do franchising, como por exemplo, um processo mínimo de seleção de franqueados.
O que realmente me chama atenção e considero o maior vilão do franchising na atualidade é a inflação imobiliária que afeta a expansão das redes de franquias já há algum tempo. Se considerarmos especialmente os últimos cinco anos tanto em lojas de rua como em empreendimentos comerciais como os shoppings centers. Se por um lado, tivemos a profissionalização do setor de shoppings centers como um dos pontos favoráveis, por outro lado, o crescente número de empreendimentos deste tipo, que poderia provocar competitividade no setor, não fez que houve queda ou estabilidade em custos de locação, mas forte alta no custo total de locação por metro quadrado.
Ainda em lojas de rua, até algum tempo, era situação praticamente comum conseguir contratos de locação com período de cinco anos, o que deixava o locatário em situação confortável, pois sabia que teria sua renovação assegurada. Atualmente, além da cobrança de luvas, o que pode-se até considerar como prática normal de mercado, há imensa dificuldade em negociação de contratos maiores de quatro anos.
Diante deste cenário, chamo atenção para o plano de expansão e o papel das franqueadoras no apoio ao seu franqueado no momento de apoiar a negociação para instalação de novas unidades franqueadas. Em alguns casos a franqueadora concede, por exemplo, isenção de royalties em um primeiro ano de operação. Não acho uma prática positiva, pois além do caráter assistencialista da ação, a sustentação deste tipo de subsídio é questionável.
Então, se há uma possibilidade de bolha e eventuais encerramentos de operações, não ocorre pela expansão no sistema de franchising ou por suas características, mas pelo momento que vivemos em relação a custos de locação imobiliária para empreendimentos comerciais.
A longo prazo, ninguém ganha com isto. Analise, informe-se e faça bons negócios!
Arlan Roque
Gerente de Expansão e Novos Negócios na franquia Cacau ShowEspecialista em franchising e Gerente de Expansão de franqueadora líder no segmento de chocolates finos, com mais de 2.000 unidades no Brasil. Além de diversos cursos na área, foi membro da primeira turma do MBA em Gestão de Franquias pela Fundação Instituto de Administração em parceria com a ABF. Colunista sobre assuntos ligados ao Franchising e instrutor da Academia do Franchising pela ABF/ESPA.
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