Necessidade dos manuais de franquia: certa vez, em um encontro com franqueadores, profissionais da área de franquia e consultores, um importante assunto veio à tona: os manuais de franquia são realmente necessários?
Pois bem, se em um primeiro momento a ideia for que sim, pois a lei de franquias exige, posso com conforto lhe dizer que a lei não traz esta obrigatoriedade em seu escopo. Neste sentido, a lei simplesmente obriga o franqueador a informar que oferece ao franqueado, e uma vez prometido, aí sim, torna-se obrigação, afinal, este será um dos elementos que levará o candidato à franquia a tomar sua decisão. No artigo 3ª da lei 8955/94, item XII, a lei traz a seguinte redação: “XII – indicação do que é efetivamente oferecido pelo franqueador no que se refere à: e) manuais de franquia.”
O questionamento que surge então é o seguinte: ora, se obrigado não sou, por que fazer? Neste momento, temos algumas reflexões que poder ser úteis. Uma delas é o que ouço com alguma frequência: “pronto, terminamos os manuais”. Esqueça, este é o tipo de tarefa que somente tem início, mas garanto que não terá um fim definitivo. Quando você adquire um eletroeletrônico ou mesmo um veículo, enquanto você possuir aquele aparelho ou automóvel, o manual será o mesmo, pois seu eletrodoméstico ou automóvel também serão os mesmos. Já manuais de franquia, são vivos, necessitam de evolução junto com o sistema que continuamente muda, pois sempre haverá novas e melhores formas de realizar algo.
Outra reflexão que convido a realizarmos é quando temos a seguinte situação: o franqueador tem seu negócio em operação há algum tempo e tudo funciona, então julga não precisar de manuais. Ora, normalmente nesta situação, que realmente, pode estar tudo funcionando, seu sistema está lançado ao risco de perder-se ou simplesmente não expandir da forma adequada. Se as operações da operação da unidade franqueada não estão de alguma forma registradas, estão na cabeça de pessoas e isto é um risco. Outro ponto nesta situação é o crescimento limitado ou de forma desviada, pois os processos não estarão claros.
Há ainda que se falar em ter os manuais como elemento de competitividade, pois certamente ao analisar alguns negócios, o franqueado – ainda que posteriormente ele possa até não ler os manuais – deixará de optar por uma franquia que não possui manuais se as demais em análise possuem este importante elemento, afinal, será uma das principais formas de transmissão de know how da rede ao franqueado.
Ao resolver fazer os manuais, busque uma forma que seja de fácil atualização ou inserção de capítulos. Você poderá ofertar a seus franqueados em forma de fichário ou mesmo em mídia eletrônica, pois em ambos os casos a atualização é facilitada.
Cada operação possui suas particularidades, assim, cada franqueadora terá seus manuais. Em geral, o que encontramos com mais frequência são intitulados de manuais ou capítulos de um mesmo manual.
- Princípios e filosofia da franqueadora;
- Manual de implantação;
- Manual de operação do negócio (loja ou unidade de serviço);
- Manual de gestão financeira;
- Manual de recursos humanos da unidade franqueada;
- Manual de visual merchandising e mídia regional e vendas;
- Manuais que envolvam legislação específica.
Avalie como e com quem fará a produção de seus manuais. Existem boas consultorias no mercado que realizam este trabalho ou você poderá também contar com profissionais de sua empresa. É importante que os manuais possuam linguagem agradável e abordagem prática, caso contrário, o risco de ficarem intactos na unidade franqueada será grande, e aí, o trabalho foi em vão. Outra dica é contar com franqueados para apoiar em assuntos que considerem relevantes constar em manual, pois além de trazer a visão mais prática possível, se sentirão envolvidos no negócio.
Analise, informe-se e faça bons negócios e, não esqueça de deixar também o seu comentário sobre o que achou do artigo.
Arlan Roque
Gerente de Expansão e Novos Negócios na franquia Cacau ShowEspecialista em franchising e Gerente de Expansão de franqueadora líder no segmento de chocolates finos, com mais de 2.000 unidades no Brasil. Além de diversos cursos na área, foi membro da primeira turma do MBA em Gestão de Franquias pela Fundação Instituto de Administração em parceria com a ABF. Colunista sobre assuntos ligados ao Franchising e instrutor da Academia do Franchising pela ABF/ESPA.
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